ECOLOGIA CON SENTIDO
PROJETO ESTÂNCIA JATOBÁ
Uma lugar onde há trabalho com balanço, água limpa do remanso e o lago pra refletir.
Tem visão expansiva e alegria pra compartir....Quer descobrir uma solução mais natural, um fruto mais gostoso e um comércio mais honroso.
Valoriza a energia da mão que é manifestação de presença ... é como fermento na massa, fertiliza tudo por onde passa!
PROJETO ESTÂNCIA JATOBÁ 2004*
Lucila Machado Assumpção
Dr. John Keith Wood
A maior beleza é a inteireza orgânica ...
Ame-a, e não o homem separado dela ...
Robinson Jeffers, poeta californiano
ONDE É ESTÂNCIA JATOBÁ?
Este projeto tem quatro intenções inter-relacionadas, que são:
1. Conservação: Preservar e restaurar o ambiente natural para proteger a biodiversidade, a saúde do planeta
e como ocasião de deleite e nutrição estética. Explicitamente, eliminação do desperdício, conservar as florestas nativas,
terras alagadas, as reservas de água, a energia, a fertilidade do solo, a qualidade do ar, a fauna e o potencial humano.
2. Alimentação: Criar sistemas sustentáveis de produção de alimentos para servir às necessidades locais
e dos residentes, oferecendo uma nutrição orgânica sadia. Isso implica também,
3. Educação: Conduzir pesquisa científica de flora, fauna, solo, aprender fazendo, valorizando conhecimento prático; registrar o conhecimento com acuidade e dissemina-lo através da arte. Demonstrar como pode ser uma mini bacia bela e robusta.
4. Social: apoiar a economia regional, os valores rurais, fomentando a justiça social e boa vizinhança. Os seres humanos não existem separados da natureza. Estamos tratando sistemicamente a terra, seus habitantes e o que ocorre nela, como um ecossistema integrado. Cada ênfase mencionada acima inclui a intenção de promover o bem estar humano dentro de uma inteireza orgânica. Ao mostrar uma floresta decente protegida, um sistema decente de cultivo sustentável, lares e escritórios decentes e eficientes energeticamente, buscamos melhorar tanto o meio ambiente quanto as potencialidades humanas. Esta colaboração com a natureza significaria nada menos do que aprender como viver bem e em harmonia com o lugar.
O QUE É ESTÂNCIA JATOBÁ?
É um lugar, uma mini bacia. Engenheiros florestais a caracterizam como uma bacia de terceira ordem. São 84 hectares de colinas suaves que deslizam do espigão até a beirada do rio Camanducaia. Este é um tributário do rio Jaguarí que deságua na bacia do Piracicaba, a principal do Estado de São Paulo. Esta mini bacia é circundada por um vinte nascentes naturais; um lago, de um hectare mais ou menos, na época das chuvas, situa-se logo abaixo do espigão. Vales com matas, de ambos os lados, contribuem com águas das nascentes que correm até um córrego central. Este caminha lentamente, mas constante, até outro hectare de brejo ribeirinho antes de despejar-se no rio. Na primeira metade do século XX, a terra "produtiva" daqui foi desmatada para se plantar café. Em seguida os citros tomaram seu lugar. Mil pés de limão e outros tantos de laranja lima ainda permanecem. De tempos em tempos, plantou-se feijão, arroz, milho e mandioca. Ainda restam algumas mangueiras, coqueiros, goiabeiras, amoreiras, abacateiros, jabuticabeiras, bananeiras, e alguns pés de caqui, maracujá, nozes, carambola, abiu, e outras árvores cujos frutos interessam apenas aos pássaros. Um pequeno rebanho de gado aqui pastoreia até que uma análise sistêmica da mini bacia nos conduza a um plano holístico para o uso do solo. Os pastos contêm uma grande variedade de capins, mas predominantemente Brachiaria decumbens, Panicum maximum e Pennisetum purpureum. No momento, quase uma metade da propriedade é constituída pelas florestas, áreas alagadas ou em vias de reflorestamento; sete hectares são pomares e o resto, pastagens, a maioria das quais serão reflorestadas.
ONDE ESTÁ A ESTÂNCIA JATOBÁ
Quase em cima do trópico de capricórnio (esta página está sendo escrita em um ponto de latitude 22 grau 39.615 minutos Sul; 47 graus 2.323 minutos Oeste; elevação de 600 metros). A terra é um dos fragmentos remanescentes da quase extinta Floresta Atlântica Brasileira. Apenas 5% desse ecossistema original, que se afirma ser o mais rico do planeta, em termos de espécies endêmicas, ainda está intacto. Bordejando a propriedade à noroeste fica uma cooperativa de empresários holandeses imigrantes. A maioria do que antes eram pequenas fazendas familiares, diversificadas, converteu-se em estufas de alta tecnologia. Retorno financeiro e o prospecto futuro para este comércio internacional lucrativo são excelentes. Vários empreendimentos financeiros ligados a essa indústria, também prosperaram. Da mesma forma, a comunidade se beneficiou da melhoria nas escolas, serviços sociais mais adequados e uma condição de vida melhor e mais moderna. Uma história similar pode ser contada para a região ao sul. A instalação de indústrias leves também está reforçando a economia. Computadores, telefones celulares, fábricas de medicamentos estão proliferando ao longo da rodovia interestadual, ao estilo do Vale do Silício. À leste e oeste da propriedade, o desejo dos ricos por condomínios fechados, com luxuosas mansões para recreação de fim-de-semana, e o da classe média emergente por loteamentos de baixo custo, provocaram uma respeitável avalanche na indústria da construção. À volta toda, o progresso econômico é forte e parece garantido. Esses feitos econômicos e sociais foram conseguidos, em parte às custas da natureza. O prognóstico para os males ambientais da região, não é muito encorajador. Mais do que 250 hectares foram cobertos para cultivar lucrativos plantas em vasos e flores decorativas. Assim, uma quantidade significativa de água das chuvas que antes era absorvida pelo solo, agora jorra dos telhados das estufas tornando-se um agente de erosão e um veículo de contaminação. Da mesma forma, fábricas, lares, e estradas de asfalto também protegem o solo da água e do sol e geram poluição. Irrigação copiosa e a demanda urbana também contribuem para a escassez da água subterrânea e o esgotamento dos aqüíferos. Para tornar a coisa pior, os rios principais da bacia estão poluídos com resíduos industriais, venenos agrícolas e esgoto humano não tratado. Áreas florestais estão sendo cada vez mais cortadas pelas rodovias, ruas e linhas elétricas de alta tensão para satisfazer os valores da cidade. (Na Amazônia, noticiou-se que 75% do desmatamento ocorre numa faixa de 50 quilômetros que acompanha as rodovias principais.) Desmatamentos para agricultura, pecuária e construções continuam. Muitas florestas ciliares foram destruídas, deixando as vias fluviais inadequadamente protegidas. Todo vestígio de vegetação é raspado dos barrancos das estradas rurais. Embora o mundo tenha ficado mais seguro para as tulipas, telefones celulares e caminhões de entrega, está progressivamente mais inseguro para si próprio. A questão concernente a este projeto é, “Como conseguiremos suprir as necessidades econômicas sensatas e ao mesmo tempo preservar os recursos naturais vitais?”. Muitos problemas ecológicos (tais como coleta de lixo doméstico e tratamento de esgoto da cidade) requerem obras públicas para resolvê-los. No entanto, há muito que os indivíduos podem fazer. Além de colocar sua casa em ordem – conservando água e eletricidade, reciclando resíduos domésticos, mantendo uma cobertura vegetal adequada, participando de cooperativas de consumidores, que se mantém atentos ao que escolhem comprar ou não comprar – há uma excelente oportunidade de entender (e talvez melhorar) a dinâmica das mudanças sociais e culturais que estão ligadas às questões ecológicas. Tal aprendizado poderá certamente ser transferido para outras regiões que estejam encontrando problemas similares no futuro. Exemplo: O êxodo da população das áreas rurais engrossando as mega cidades parece ter diminuído ou até parado. A oferta de empregos na agricultura continua a cair, mas outros serviços correlatos estão crescendo e encontrando seu nicho de emprego. Assim, com atividades diferentes as pessoas parecem estar se mantendo no campo. E também, as populações desiludidas das grandes cidades estão de volta às áreas rurais. Depauperadas de suas terras férteis e know-how agrícola, submetidas às exigências desses novatos condicionados a serem insensíveis ao ambiente circunvizinho, estas áreas rurais podem não ser capazes de sustentar uma qualidade de vida muito melhor que os anteriores labirintos da cidade. Por outro lado, se tivermos mais sabedoria em como nos adaptar a tais migrações, essas transições poderão ser conseguidas sem muito desgaste para o ambiente ou para os valores e modo de vida rural.
FILOSOFIA E ESCOLHAS
Uma coisa está certa quando tende a preservar a integridade, estabilidade e beleza da comunidade biótica. (o naturalista norte-americano Aldo Leopold)
O projeto Estância Jatobá, concebido como uma educação e uma pesquisa, sem fins lucrativos, se dedica à promoção e
estudo do bem-estar humano, conservação da natureza e um sistema de produção sustentável de alimentos.
É um esforço individual de cidadão para entender e promover o viver bem e em harmonia com o lugar.
Envolve a aprendizagem através da experiência direta, usando o conhecimento empírico local bem como a pesquisa científica para compreender e melhorar o autoconhecimento, as relações humanas, a conservação da natureza, o cultivo sustentável, o manejo dos excedentes, e o uso de energia limpa e eficiente. Somando-se ao que foi dito acima, isso inclui refinar a sensibilidade estética através da expressão artística e da imaginação construtiva. Tais atividades não se restringem à construção de objetos de arte. Uma orientação e aprendizado significativo podem ser conseguidos através do método científico do sábio alemão J.W. Von Goethe.
Isto é, usando de uma fenomenologia que permita ao ecossistema nos “contar” qual é sua intenção, sua necessidades e seu significado. Goethe explica “Aquilo que se formou, imediatamente se transforma de novo, e se quisermos de algum modo atingir uma compreensão vital da natureza, deveremos nós mesmos nos tornar flexíveis e plásticos tal como o exemplo que a natureza nos apresenta”. Mudar a percepção das pessoas sobre a natureza, através de manipulação comportamental ou slogans de marketing (lavagem cerebral) não é o objetivo de uma “psicologia ambiental” que poderá ser aplicada aqui. Preferivelmente, envolve a incorporação de nossos próprios valores, pensamentos, percepções, reações emocionais espontâneas como uma parte inseparável do ecossistema – que nós mesmos, de fato, somos. Sem negar a influência que exercemos nesse fenômeno, cultivando vias de percepção direta desta mini bacia como um organismo, seu atributo específico, o genius loci (o espírito do local) poderá se manifestar. É esse espírito do local que deve ser nosso guia para apreciação, proteção, e se necessário, intervenção. Concordamos com o que o pesquisador americano das planícies férteis, Wes Jackson chamou de, "tornar-se nativo deste lugar", assim, aqui se tornará lar, fazenda, campus, laboratório, museu e santuário natural. Excetuando-se o respeito pela espiritualidade individual, o projeto não segue nenhuma orientação religiosa organizada. Além de uma preocupação sensata e da promoção de relações humanas saudáveis, nenhuma doutrina de "comunidade" será favorecida. O desejo de uma reserva natural integrada com um sistema sustentável de produção de alimento basicamente ecológico, que seja socialmente responsável e economicamente eficiente é intenção suficiente. A Beleza, façanha cultural e artística que além de oferecer nutriente estético também ajuda a clarear o papel humano na natureza é elemento essencial. Atenção especial será dada a como este lugar produz nutrientes seja alimento, conhecimento ou entusiasmo esperançoso. Como processa energia e se descarta dos excessos. Como o "bem estar" está relacionado com este ecossistema. Esforços estão sendo feitos para eliminar desperdício e poluição, procurar eficiência no uso de energia solar, e reduzir gases que contribuam para o efeito estufa, preservar os lençóis de água, conservar o solo, manejar os recursos renováveis a longo prazo, salvaguardar a saúde humana, reverter a degradação das florestas e alagados e aumentar os sumidouros de carbono. Confiando em outro conselho iluminado de Goethe. "O que quer que você possa fazer ou sonhe que o possa, faça-o. Coragem contém genialidade, poder e magia".
CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
A água é uma coisa viva.
Sua forma deve ser tranqüila e profunda,
deve ser expansiva e redemoinhar;
deve ter corpo; espumar, espirrar e salpicar;
deve fervilhar nas nascentes frescas;
deve ter volume para alcançar grandes distâncias;
deve pular dos céus saltando sobre cachoeiras;
deve arrebentar-se em baixo e golpear a terra;
deve ser suave num dia enevoado e
resplandecente numa manhã ensolarada.
Estes são os movimentos vivos da água.
Kuo Hsi, filósofo chinês (c. 1020-1090)
PRESERVAÇÃO
A floresta aqui não é grande pelos padrões brasileiros. No entanto, vale a pena preservar a biodiversidade existente. A propriedade se torna importante na "cadeia de ilhas" que poderá ligar a biodiversidade frágil da região. Como esta terra beira um rio, ela também provê um lar e um corredor de vida para animais selvagens. Visto que, uma floresta não pode ser substituída simplesmente plantando-se árvores, daí ser vital preservá-la na sua integridade. Assim como é importante proteger sua biodiversidade, também é importante proteger e enriquecer a floresta, pelos serviços por ela prestados ao ambiente, para compreensão e deleite humano.
Procedimentos legais já foram tomados para assegurar que as nascentes naturais, florestas e terras alagados sejam protegidos pela lei. A propriedade recebeu aprovação oficial do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) como uma reserva ecológica particular, perpétua, para proteger a natureza (RPPN). Também está em andamento um projeto de ligar este santuário com florestas vizinhas isoladas através de corredores para vida selvagem, que aumentariam a mobilidade e o alcance da vida animal.
Como escreveu John Sawhill, presidente do The Nature Conservancy, “No final, nossa sociedade será definida
não somente pelo que criou, mas pelo que se recusou a destruir”.
RESTAURAÇÃO
O projeto não espera “desenvolver a natureza”. Não pretende nem mesmo “conservar” a natureza, no sentido literal. Basicamente, nossa ênfase está em não impedir a autoconservação da própria natureza, mas facilitar seu crescimento natural e tendências rejuvenescedoras. A ênfase, como observa Aldo Leopoldo, é para perceber a capacidade de auto regeneração da terra, e seguí-la. Já desfrutamos nosso maior sucesso com esse aspecto da restauração. Por quase 20 anos temos protegido grandes áreas da reserva nativa de serem exploradas, invadidas ou destruídas. Pelas fotos aéreas durante esse período, pode-se estimar que as terras de floresta por toda a propriedade aumentaram uns 40% em área. Uma dramática recuperação ocorreu em duas áreas que haviam sido agressivamente desmatadas para agricultura, antes do nosso período de gerenciamento. Na vertente sul da principal grota superior, a dispersão natural de sementes de uma grande variedade de espécies está tendo sucesso em reflorestar a área. Na beira do alagado um pasto também se recuperou de forma similar. Uma planta pioneira nativa da região (Cróton urucurana) se espalhou sobre uma área onde era pasto anteriormente. Cobre mais ou menos um hectare que se estende entre a floresta e o brejo. Quando se lida com sistemas naturais (inclusive a consciência humana), quanto se deveria “deixar ser” e quanto se deveria “intervir”? Por enquanto, aumentar o conhecimento e a percepção tem sido a “intervenção” preferida. Quando se torna necessário intervir nunca é demais explorar continuamente os motivos: “O que está sendo preservado, e para que?” Assim estamos procedendo com um projeto de restauração para plantar mudas nativas e ligar secções separadas de matas que não têm condições tão fáceis de fazê-lo por si mesmas. Essa falha é devido a desmatamentos agressivos no passado. Também, estamos plantando árvores ao redor das nascentes para rejuvenescê-las e garantir seu fluxo sadio. Espécies nativas brasileiras estão sendo usadas nesse reflorestamento, mais precisamente aquelas especificamente nativas desta região. No seu O economicus, escrito no século IV AC, o historiador grego Xenofonte explica a razão. Ele repara que, “provavelmente não se obterá uma colheita boa da terra plantando-se árvores e vinhas e semeando-se grãos do tipo que a pessoa prefere, e sim, aquelas culturas que a própria terra prefere fazer brotar e crescer”.
ALAGADOS
Uma pequena lagoa na crista da bacia está sendo recuperada depois de ter sido drenada, no passado, para pasto. Da mesma forma,
um ou dois hectares de brejo na base da bacia está sendo rejuvenescido. Já se nota aumento da vida aquática. Espécies de pássaros que apreciam esse ambiente estão aparecendo, além de outras mais familiares que já não estavam sendo vistas por alguns anos.
INFRAESTRUTURA
Existem planos em andamento para a construção de uma casa/garagem/oficina/escritório/museu/biblioteca. Essa estrutura,
feita de materiais naturais, eucalipto e piaçava, se beneficiará dos ventos dominantes, ventilação natural, sol e sombra
para a troca termodinâmica mais eficiente possível. Quente no inverno, fresca no verão. Reter e reciclar a água é um importante componente do plano. Além de capturar a água das chuvas que escorre dos telhados em cisternas, a água das pias e chuveiros
serão recicladas para uso nas descargas dos banheiros. Por fim a “água preta” sofrerá um tratamento de esterilização
para uso na irrigação. O uso de embalagens de plástico, papel, vidro e alumínio já foi dramaticamente minimizado.
E o que for usado será entregue separadamente, nos centros de reciclagem. O material orgânico residual já esta
sendo utilizado para fazer composto e reintegrado na produção da fazenda.
ALIMENTAÇÃO: PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE COMIDA
A Mãe natureza jamais tenta lavrar a terra sem a criação de animais;
ela sempre cultiva as plantas misturadas;
despende grande esforço para preservar o solo e evitar erosão;
os vários resíduos de animais e vegetais são convertidos em húmus;
não há desperdício; os processos de crescimento e processos de decomposição se equilibram;
amplas providências são tomadas para manter grandes reservas de fertilidade;
e o maior cuidado é tomado para armazenar as águas da chuva;
cabe às plantas e aos animais protegerem-se a si mesmos contra doenças.
Sir Albert Howard, cientista inglês e cultivador orgânico
Uma avaliação global da propriedade está em andamento para se entender as diversas relações naturais entre os seres vivos deste lugar.
O elo mais forte entre os seres humanos e o resto do mundo natural é o alimento. Projetos factíveis para criar e manter um sistema
local de produção sustentável de alimentos, também já está caminhando.
O que é sustentável? Esta questão é parte do debate que irá continuamente modelar a agricultura. Quais são as conseqüências sociais deste projeto? E as conseqüências morais? Essa e outras questões serão abordadas. À princípio se adotará a consideração do poeta e naturalista americano Henry Thoreau. Ou seja, uma atividade será "sustentável", se o seu custo valer a quantidade de “vida exigida em troca, imediatamente ou a longo prazo”. Neste caso, “vida” inclui vida vegetal e animal perdida direta ou indiretamente, tempo gasto pelos humanos, diversidade de plantas e animais perdidas, que limita o potencial de vida, e assim por diante. O agro ecologista americano Stephen Gliessman, deu uma definição prática que significa em parte, que a produção de alimento tenha “efeitos negativos mínimos no ambiente, não exale substâncias tóxicas ou danosas na atmosfera, nas águas de superfície ou subterrâneas; preserve e reconstrua a fertilidade do solo, previna a erosão e mantenha o solo ecologicamente saudável”. E também, sustentável implica o uso de “água de modo a permitir que os aqüíferos sejam reabastecidos e que as necessidades de água das pessoas e do ambiente sejam satisfeitas.” Além do cuidado com o solo, implica manter a diversidade de culturas, usar controles naturais de pragas, facilitar a economia local, encorajar boas relações com os vizinhos, em suma preservar a saúde da terra e daqueles que vivem nela. A poluição do ar, do solo e da água por práticas agrícolas já foi eliminada. Não se usa pesticidas, herbicidas, ou fertilizantes químicos. O tratamento dos pomares existentes consiste no que atualmente se considera “orgânico”. O objetivo do manejo é fortificar a fertilidade do solo, encorajando um ecossistema forte, equilibrado e auto-regulador. Barreiras naturais para os ventos são utilizadas. Plantam-se leguminosas com capacidade de fixar nitrogênio, para serem cortadas e incorporadas no local, bem como empregam-se bio-fertilizantes compostos. Duas variedades de laranjas, limões, e outras frutas foram certificadas para venda como “produto natural” ou “orgânico” pela Certificadora Mokiti Okada. Iniciou-se uma experiência de um sistema integrado de produção de galinha e ovos. E também, o gado já há algum tempo vem sendo tratado organicamente, na propriedade. Um laboratório e estufa para manter um banco de sementes e cultivar mudas será um importante centro de atividade. Não serão mantidas apenas coleções de germo-plasma. Espécies selecionadas serão mantidas como representantes vivas para que o processo de manter e criar diversidade genética possa ocorrer neste ambiente. Os aspectos práticos de se manter a diversidade são especialmente importantes, visto que mais e mais alimentos são produzidos por menos e menos espécies. Estima-se que existam 75000 plantas comestíveis que poderiam ser usadas para consumo humano. Até esta data, apenas 3000 já foram exploradas. Cento e cinqüenta foram cultivadas em larga escala. Vinte delas produzem 90% de todo o alimento consumido atualmente. Trigo, arroz, milho e cevada respondem por metade da produção de grãos. Setenta por cento das batatas que podem ser compradas nos supermercados são provenientes de apenas quatro variedades. Noventa por cento dos ovos produzidos nos Estados Unidos são de galinhas white leghorns. Esta situação provocou o comentário de Stephen Gliessman, “Estamos chegando muito perto de por apenas um ovo em todas as cestas”. No plantio de hortas, nozes, frutas e flores, e pomares misturados, se dará atenção especial para facilitar as simbioses naturais entre plantas, para otimizar o uso da terra e minimizar a produção perdida devido às pestes. Algo que tenha funcionado bem em outro local não será adotado sem uma avaliação apropriada para este lugar, neste tempo e sob estas condições. Em todos os casos, “Cada coisa em seu lugar certo” guiará os experimentos.
EDUCAÇÃO
A essência da educação é inculcar dever e reverência.
O dever deriva do nosso controle potencial sobre o curso dos eventos.
O fundamento da reverência é a percepção, que o presente guarda
em si a completa soma da existência, para frente e para trás,
a amplitude do tempo que é a eternidade
O filósofo e matemático inglês Alfred North Whitehead
Um objetivo do projeto é facilitar um modo de pensar amplo, que perceba os padrões e o global, exercite a imaginação e viva como uma pessoa completa, sem ignorar as diferenças individuais. Aldo Leopold acreditava que promover a percepção é parte da educação ambiental, a única parte verdadeiramente criativa do “turismo ecológico”, na sua opinião. “A característica importante da percepção é que ela não acarreta nenhuma diluição ou consumo de recursos - apenas aumenta a informação e o conhecimento, alargando a consciência”. A percepção, ele acrescenta, não se compra com dólares ou diplomas. O filósofo e matemático britânico Alfred North Whitehead foi além, afirmando que a informação de segunda-mão do mundo instruído é o segredo de sua mediocridade. A intenção deste projeto é que a percepção se apóie na experiência direta de primeira-mão, seja intensificada pela auto-reflexão e complementada pela pesquisa. Ela será ampliada pelos diferentes ângulos apresentados pela expressão artística
para revelar um pouco mais o escondido.Em suma, como nos indicou J.W. von Goethe, o ato de conhecer
o mundo natural não é meramente uma atividade subjetiva da mente. De uma maneira real é um desenvolvimento
evolucionário do próprio fenômeno, ao se tornar mais amplo, mais refinado.
O LUGAR POLÍTICO
O conhecimento de um lugar - onde você está e de onde você veio -
está interligado com o conhecimento de quem você é.
Em outras palavras, o panorama natural molda o panorama mental.
Professor de Estudos Ambientais, David Orr
Na Grécia de antes de Cristo, o lugar estava intimamente conectado à essência da pessoa. Ousia palavra grega para “propriedade de terra”, veio a significar “ser”. As pessoas são moldadas pelo nicho onde vivem. O lugar é político. Ele molda as perspectivas, e os rumos. Qual modelo está existindo com respeito ao meio ambiente? Em São Paulo, as paredes das universidades estão rabiscadas com grafite, prédios, e até os objetos, estão estragados. A infra-estrutura está decadente devido a negligência. Os jardins estão morrendo completamente tomados pelo mato, e servem de depósito para copinhos plásticos de café, latas de refrigerantes, papéis de bala, pontas de cigarros e listas de leitura dos professores. Os sanitários e pias vazam. Os equipamentos áudio visuais na maioria, inoperantes. A falta de um currículo sólido de estudos ambientais que comece com o próprio ecossistema da universidade suporta a hipótese de que, de fato, o que está sendo ensinado (indiretamente, no entanto, efetivamente) é indiferença pelo ambiente circundante. A lição não é apenas, que o ambiente seja irrelevante. A mensagem implica, por exemplo, que a circunvizinhança deve ser desrespeitada. Qual é a decorrência disso? Primeiramente, que os sentidos não são importantes. Deve-se ignorar os sentidos. Não ver a sujeira, não escutar o barulho, não cheirar os odores da poluição. Não testemunhar o crime. Não cultivar a sensibilidade estética. Abstrações e idéias de segunda mão, repetidas muitas vezes nos seminários, freqüentemente tomaram o lugar do exercício do bom senso. Não é surpreendente, que muitas das pessoas responsáveis pelas piores destruições do meio ambiente, foram ensinadas em tais circunstâncias. Sem tal desprezo por seu ambiente eles não teriam feito surgir projetos “progressivos” tão perniciosos; condomínios com grande desperdício, projetos de habitações completamente sem gosto, shopping centers espalhafatosos, fábricas poluidoras, avenidas mal desenhadas, esquemas insustentáveis de energia?
O que a instituição educacional está ensinando sobre justiça social e sistemas sustentáveis de alimentação?
Freqüentemente os empregados são mal pagos, mal treinados, pouco supervisionados e apáticos. Apatia e insensibilidade são regras de comportamento desde o atendimento nos balcões até os faxineiros. A economia local não é respeitada. Alimentos produzidos nas imediações são preteridos por redes distantes de grandes distribuidores. A instituição é muitas vezes uma planta industrial mais orientada para o lucro do que um templo de conhecimento. No projeto considerado aqui a ecologia não é um “curso”. É parte da fundação de um modo de vida inteligente no mundo moderno. Dizendo isso, os objetivos educativos deste projeto não são diferentes daqueles propostos pelo Ministro Brasileiro do Meio Ambiente que encoraja “experiências educacionais que facilitem uma percepção integrada do ambiente, tornando possível uma ação mais racional e uma capacidade de responder às necessidades sociais”.
PENSAMENTO É CONDUTA, E CONDUTA É SOCIAL
Sustentabilidade não é possível sem preservar a diversidade cultural que nutre as agriculturas locais.
Uma produção estável só pode acontecer dentro do contexto de uma organização social que proteja
a integridade dos recursos naturais e alimente as interações harmoniosas
entre os seres humanos, o ecossistema agrícola e o meio ambiente.
O agro ecologista pioneiro, chileno-americano, Miguel Altieri
O pensamento é um ato social, com conseqüências morais. Os seres humanos estão causando a destruição do ambiente. Seres humanos também podem facilitar a reparação e eliminação desse estrago. Parte de um sistema ecológico é a percepção daqueles envolvidos nessa empreita. Não é apenas a esfera biológica que pode ser estudada. A psicologia das mudanças de percepção a esse respeito também pode ser muito interessante. Assim como, sem dúvida, é o fenômeno conhecido como “difusão social”, pessoas fazendo o que outros à sua volta estão fazendo. (A maioria das campanhas de informação parece ter efeitos limitados na mudança de comportamento das pessoas em relação ao ambiente. O que é significativo é acompanhar os vizinhos. Se um usa energia solar, o outro tenderá a usá-la também). Neste projeto estamos testando em nós mesmos aquilo, que se for bem sucedido, poderá ser sugerido a outros. Outro objetivo é a promoção do bem-estar humano em relação à natureza e às empreitadas cooperativas. Há também, tópicos em economia que poderão ser estudados. Fontes de energias eficientes e não poluidoras, água limpa, reciclagem de resíduos, podem ser de grande bom senso fiscal, quando se leva em conta mais do que os superficiais lucros financeiros. Não apenas em economia como também em empregos. Por exemplo, o World Watch Institute lançou um relatório com previsão de aumentos dramáticos no campo da energia solar. Nos próximos 20 anos, os empregos alcançarão 1.7 milhões.
Investimentos em ecossistemas podem levar a lucros diretos para as comunidades. Apenas alguns dos serviços
proporcionados pelo ecossistema: purificação do ar e da água, abrandamento das secas e das enchentes, sumidouro
do dióxido de carbono do ar, desintoxicação e decomposição dos resíduos naturais, regeneração do solo e renovação da sua fertilidade, polinização das culturas e da vegetação natural, controle de grande parte das pragas agrícolas, dispersão de sementes e deslocamento de nutrientes, manutenção da biodiversidade (da qual a humanidade extrai produtos vitais, agrícolas, medicinais e industriais), proteção da radiação ultra-violeta, estabilização parcial do clima, controle dos ventos, suporte para diversas culturas humanas e animais, fonte de beleza estética e bem-estar. O Estado de Nova York anunciou seu investimento de um bilhão de dólares na conservação da floresta de Catskills. As fontes que fornecem a água para os centros populacionais do estado se originam nessas montanhas. Garantindo proteção florestal a elas, o Estado espera economizar seis bilhões em instalações para tratamento de água, rio abaixo.A dinâmica dos grupos humanos, igualdade social, ética e moralidade são outras questões que precisam ser confrontadas. Por exemplo, a perda da diversidade cultural, dos valores agrários e da vida rural como tal, preocupa muitas pessoas. Essa preocupação pode ser remontada ao século V AC, em uma cena de teatro. Aristófanes cria esta fala, para um fazendeiro confinado em Atenas; “Amando a paz, detestando a cidade, desejando minha vila no campo que jamais grita “compre carvão” ou “compre vinagre” ou “compre óleo”; desconhece o “compre”, mas, ao invés produz tudo ela mesma”. De fato, a preservação de alguns valores rurais talvez seja a parte mais importante do desenvolvimento de um sistema sustentável de alimentação.Há chances que o petróleo se esgote. Combustíveis e fertilizantes alternativos deverão ser encontrados.
Também, a fertilidade do solo e da água para irrigação podem ficar muito depauperados. Esses desenvolvimentos irão aumentar dramaticamente os preços dos alimentos, visto que os preços estão sendo mantidos baixos pela mencionada exploração dos recursos naturais. Mesmo que a agricultura empresarial possa ser capaz de alimentar o mundo, o agricultor que mora e trabalha sua própria terra desempenha um papel importante. Viver e ganhar a vida não são separados. A terra faz crescer alimento e faz crescer um tipo diferente de indivíduo. A perda desse potencial é muito mais difícil de substituir.
DEMONSTRAÇÃO
Aldo Leopold achava que a melhor maneira das pessoas saberem o que é uma floresta decente (com seu caráter selvagem inerente e seu mistério) é lhes mostrar uma. Assim, parte do aprendizado será ver, não um parque temático manicurado, mas um ecossistema decente. Deve-se aqui considerar o papel dos “mirantes”. Estes são pontos naturalmente atrativos onde a natureza pode ser observada sem interferência, “paradas para descanso”. Tais experiências contribuem tanto para a educação quanto para o bem estar humano: trilhas discretas, imaginativas e instrutivas; trilhas de arte a céu aberto ...idealmente, mantidas coletivamente por "amigo@s da mata". Ao mesmo tempo em que servem à pesquisa científica, favorecem esse contato contemplativo com o mundo natural, proporcionando uma ocasião de deleite e uma oportunidade aos pesquisadores e visitantes de identificarem plantas e animais nativos da região. Espécies botânicas poderiam ser etiquetadas e o crescimento observado. E as observações de animais acrescentados a um registro geral. Não apenas uma floresta decente poderá ser vista. Um sistema de alimentação decente poderá ser observado. Haverá oportunidade de se por a mão-na-massa na agricultura, nas construções, na implementação da trilha e em outras partes criativas do projeto. Habitações decentes e outras estruturas também serão aparentes. Sistemas hidráulicos e elétricos serão transparentes para que se possa observar uma casa habitada sem desperdício. Vídeos e outras publicações poderão estender essas observações. Fotografias, sementes preservadas, folhas e outros itens poderão ser também formas de “registro” do ecossistema em um museu/biblioteca.
Objetos de arte, seguramente, serão excelentes formas de registros.
PESQUISA CIENTÍFICA
Além de aumentar o “espaço verde”, preservar a biodiversidade, e em geral fortalecer o ecossistema, o processo de reflorestamento é particularmente interessante de ser estudado. Particularmente, a recuperação de matas nativas a partir de pastagens para compensar as emissões de carbono, que são de interesse de todo o hemisfério. Como facilitar a dispersão de sementes enquanto se vai refreando a invasão das gramíneas agressivas dos pastos, está entre as questões que estamos enfocando. Um programa de pesquisas para a recuperação florestal pode envolver uma avaliação dos bancos de sementes na floresta e nas pastagens. Pode-se estudar pássaros e animais apreendendo-os para identificação e acompanhamento posterior. Coletar “chuva de sementes” para localizar padrões de dispersão aérea bem como a biodiversidade. De um modo ou de outro, a biologia básica do ecossistema deverá ser estudada. A aprendizagem é tanto o objetivo quanto um efeito colateral vital do projeto. Devemos conhecer mais sobre nosso ecossistema (do que ele consiste) para realizar seu potencial. Espécies botânicas das madeiras das matas deverão ser identificadas. Logo saberemos quais espécies nativas estão presentes? Quais estão faltando? Amostras desidratadas de um ramo com folhas (excicata) de cada árvore identificada já estão sendo coletadas e encadernadas compondo nosso Herbarium. Mais de cem espécies já foram documentadas. Monitorar as mudanças é muito importante. Nesse sentido estamos nos valendo de atentas observações diretas bem como de dados obtidos através de uma colaboração científica com a Embrapa Monitoramento por Satélite. Na transformação dos pastos em florestas, o papel dos bovinos está sendo meticulosamente estudado. Por estranho que pareça, o gado pode ajudar de muitas maneiras. Sabe-se que animais forrageiros, dentro da floresta, atrapalham as brotações delicadas, compactam o solo, provocam erosão, desfolham brotinhos vulneráveis. Entretanto, notou-se também aqui, que esse mesmo comportamento pode ter o efeito de rejuvenescer nascentes inativas. Uma fonte foi reativada pelo pisotear do gado na umidade da terra, buscando água. De repente a água começou a jorrar das veias do solo perturbado. Nesse ponto, foi feita uma cerca impedindo o gado de continuar a pisotear e permitindo à fonte se tornar ativa novamente. Da mesma forma, sob condições controladas, o gado ajudou a diminuir a invasão de gramas agressivas. Ao controlar a vegetação, o gado oferece aceiros vitais para prevenir que o fogo devaste a floresta na seca dos meses invernais. Pastando no lado sombrio da face sul da floresta, também enfraquece as gramas invasoras, a ponto da dispersão natural das sementes se tornar mais eficiente (os ventos predominantes são de noroeste. De fato, notou-se crescimento florestal sob tais condições. Talvez, o reflorestamento possa ser facilitado, introduzindo-se e removendo-se judiciosamente os animais, no momento certo.
A recuperação de lagoas e brejos acrescida da isenção de agrotóxicos já facilitou um aumento dos pássaros neste lugar. Uma primeira avaliação feita no inverno verificou a presença de mais de 100 espécies de pássaros. É visível o aumento das populações de pássaros e da vida aquática. Vestígios de movimentação de animais mamíferos também aumentaram. Além do estudo de técnicas de restauração, a produção sustentável de alimentos também está sendo investigada sistemicamente (e sistematicamente). Isto é, minuciosamente, como parte integrante da mini bacia da reserva. Consórcio de plantas, germinação de sementes, plantação, nutrição, controle de pragas são alguns dos tópicos que estão sendo enfocados. Acrescente-se a isso, que há muito a aprender sobre infra-estrutura e muito conhecimento a ser transferido, que poderá advir de outros experimentos. Conversão das habitações e veículos para energia solar, projeção de um centro que estamos chamandoTabas de Entendimento -casa/praça/oficina/laboratório energeticamente eficiente, com eliminação do desperdício(aplicando-se: o reduzindo-se a poluição, reciclando-se alumínio, papel, vidro, água e matéria orgânica),registrando-se e analisando-se trocas eficientes termodinâmicas. Um assunto vital para a pesquisa será a integração total,biológica, social e econômica do ecossistema da mini bacia com a biosfera circundante, como ela é afetada e comoele poderá atuar como catalisador para o “progresso”. Em suma, o que desejamos é ser um “laboratório” para uma
“universidade de conhecimento prático” (informal porém, sério), em como viver bem em um lugar.
POTENCIAL
Embora seja possível, não é muito provável que um projeto como este venha a eliminar a destruição da biodiversidade mundial nem suprir a demanda global de alimentos. Entretanto, para ter valor não tem que ser factível extrapolar do nível local para o global. Não é preciso ser tão forte e robusto para substituir a globalização. Talvez seja suficiente que seja preservado – como a própria natureza preserva – como potencial, a ser usado quando for necessário. Haverá de chegar o tempo em que os seres humanos terão desenvolvido suas mentes e aprendido a exercitar sua capacidade de pensamento, superando a fase evolucionária imediatista, quando as populações se estabilizarão, quando a miséria humana terá sido erradicada e a justiça social solidária prevalecerá. Então, poderá haver necessidade para o conhecimento guardado em estoque por aqueles que estão vivendo bem e em harmonia com o lugar.
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